Após o checkout no Vinãs de Cafayate wine resort, já tínhamos visita marcada as 10:00am no antigo projeto Los Valisto, que hoje se chama os vinhos de Pancho Lavaque, a quinta geração de uma família tradicional na enologia de Cafayate. Provamos muitas jóias direto das barricas, incluindo uma parcela limitada de um Torrontés laranja, proveniente de uma planta que virou uma trepadeira usando uma cerejeira como base. De uma única planta são feitas as únicas 300 garrafas deste exemplar que tivemos o prazer de degustar enquanto admirávamos a árvore. Pancho tem o projeto mais inovador de Salta, com vinhedos de parcelas limitadas de Malbec de Altura e excelentes Torrontés Saltenhos. Esta é outra pérola que fica longe dos turistas, pois esta dentro da Bodega Finca Quara, e poucas pessoas sabem que o antigo projeto Vallistos e atual vinhos de Pancho Lavaque, está por lá. No mesmo dia fomos em 2 vinícolas próximas, Bodega Burbujas de altura (produzem espumante Torrontés) e a Bodegas Dal Borgo. Burbujas é famosa por produzir o primeiro espumante de Torrontés pelo método Champenoise. E realmente fazem produtos exclusivos deixando a visita uma parada obrigatória. Dal Borgo tem estrutura simular as bodegas francesas e ainda não é muito explorada por grupos de turismo, por isso vale a parada. Nosso Jantar foi no famoso bar Bad Brothers, com certeza o melhor de Cafayate, a passos largos na frente da concorrência. O restaurante com assinatura do chef Walter Leal, traz pratos típicos e exóticos, para harmonizarem com os vinhos do enólogo Agustin Lanus. Lanus é engenheiro agrícola, sommelier e mestre em ciência da viticultura e enologia. Estudou em Bordeaux e na Itália e trabalhou em grandes ícones mundiais. Os vinhos tintos de extrema altitude são a atração do Bad brothers experience que harmonizam com pratos como o Tutano de boi. Após o checkout do resort dirigimos até a vinícola Domingo Molina, onde fomos recebidos pelo enólogo Facundo Ramires. A vinícola se destina a produção apenas de vinhos de alta gama. Uma curiosidade é que todos os vinhos da casa são blends. Tivemos a oportunidade de provar as parcelas em separado, ainda nos tanques, antes dos cortes. Depois do passeio, provamos o produto final nas garrafas, entendendo bem o trabalho do enólogo. Os Malbecs desta vinícola trazem incríveis taninos doces e redondos até nos vinhos mais jovens. Aliás os Malbecs do norte argentino são diferentes dos de Mendoza, com mais pimenta e especiarias e mais notas balsâmicas. Os Cabernets Franc e Sauvignon, são mais herbáceos, com mais especiarias e pirazinas (aquela característica de pimentão muito presente nos Carmérère Chilenos). Notem que todas as vinícolas produzem Torrontés, mas… estamos na Argentina. Você vai encontrar muitos Malbec de qualidade em Salta, assim como Cabernet Sauvignon, uma das uvas queridinhas dos enólogos da província de Salta e a terceira mais plantada. A Malbec é a casta mais importante da região, representando pouco mais de 50% do total de tintos. Nas últimas décadas infelizmente muitos parrais de Torrontés foram arrancados para dar lugar a Mabec plantada em espaldeira. A segunda casta mais plantada é a Torrontés, com 90% do total de castas brancas. Seguindo a viagem, fomos direto a famosa bodega Colomé, uma vinícola e estância que fica encrustada nos Andes, a 3 horas de Cafayate. Colomé é a primeira vinícola da Argentina, funda em 1831, e pioneira nos vinhos de altitude com vinhedos plantados a mais de 3 mil metros de altura. O rótulo 1831, remete a idade do vinhedo, que quando uma planta deste lote morre, não são replantadas, apenas ficam no lote as remanescentes originais. Os vinhos passam por 18 meses em barricas francesas de primeiro e segundo uso. O “Malbec altura máxima” foi por muito tempo o vinho proveniente dos vinhedos mais altos do mundo, 3.111 metros, até que algumas plantas foram cultivadas no Tibet. Dentre as atrações temos o museu James Turrel que traz uma experiência inesquecível, que é um anoitecer de 40 minutos em uma sala a céu aberto. Imagine todos deitados no chão, olhando o anoitecer por um buraco quadrado no teto. Uma experiência aparentemente simples, que acontece todos os dias acima de nossa cabeça e não paramos para perceber, faz muitos sairem emocionado da sala. O regresso de Colomé foi dirigindo 2 horas pela ruta 40, para chegar na cidade de Cachi, uma cidade colonial rodeada por montanhas. A dica é apreciar o caminho, passear no centrinho e degustar alguns vinhos no Puna wine bar. Feito isso, hora de seguir viagem de regresso a Salta apreciando a quebrada de las flechas, cuesta de obispo, recta del tintin e parque los cardones. Nesta noite em Salta, aproveitamos a movimentada calle Balcarce e o restaurante vieja estación, que necessita reserva previa pois os shows típicos são fantásticos. O day tour fica por um passeio a feira artesanal na Plaza Guemes, na praça 9 de julho, visitar o museu de arqueologia de alta montanha onde você encontra as famosas múmias das crianças que foram sacrificavas com oferendas aos deuses, resgataras do vulcão Llullaillaco. Vimos a múmia “Niña del Rayo” de uma criança de 6 anos de idade. O jantar, uma bela parrila no El Charrua (campeão de sabor)… Sem perder o ritmo, a 1:00AM tínhamos uma viagem de ônibus de 12:00hrs, cordilheira acima, para San Pedro de Atacama, onde fizemos uma trip de 9 dias para o salar de Uyuni na Bolívia. Finalizamos a trip com a certeza de que Salta deve estar em qualquer roteiro de vinhos na Argentina. Se por ventura você for daqueles que não gostam de vinhos brancos, Salta pode ser um bom começo para mudanças. *Se tiver tempo, existe um passeio desde Salta para as cordilheiras, chamado Tren de Las Nubes. ** Aluguel de carro pode ser o aeroporto ou bem no centro de Salta. *** Dica de câmbio é buscar pelo dollar blue, uma cotação não oficial paga por cambistas e bem mais em conta do que trocar nas agências. Se as notas forem novas, de 100 dólares e sem danos, pagam ainda mais. Pergunte no seu hotel, onde podem trocar o dollar blue, que indicarão um cambista de confiança. Sugerimos também provar os seguintes vinhos que podem ser comprados nas vinotecas de Salta: Bodegas Nani (Arcanvs) Bodega Etchart (Cafayate Torrontés) La Riojana Bodega (Tilimuqui Single Vineyard Torrontés) Bodega El Cese (El Tapao Torrontés) Bodega Tordos (Microvinificaciones Cabernet Franc 2020) Bodega Tukma (Grand torrontes) Por último, um bônus de harmonização: Torrontés colheita tardia, com Alfajor branco. Salud!
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Andre & Karla
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