Piemonte, a região famosa pelos vinhos Barolo e Barbaresco e um tesouro que fica escondido embaixo da terra. Saimos demanha cedinho de Parma para a cidade de Alba, que fica no coração de Piemonte, pois tinhamos hora marcada na vinícola Pio Cesare, onde iniciamos as degustações de Barolo e Barbaresco. As 3 principais regiões de Piemonte são Barolo, Alba e Barbaresco. Se você planeja uma visita, o ideal é ficar perto de Alba, que é central e fica a 20 minutos de cada cidade. Uma coisa interessante na chegada, foi que ao sair do carro, um cheiro de bolo de chocolate com avelã tomava conta da cidade. Tocamos a campainha da vinícola, fomos recebidos pelo sommelier e logo perguntamos quem estava cozinhando bolo... E ele respondeu: “ Você esta em Alba, a cidade da Nutella”. Quase caímos para trás, o cheiro era da fábrica da Nutella. Mas enfim, vamos falar deste creme viciante depois... agora foco no Barolo! Começamos a visita em Pio Cesare com um tour por esta fantástica vinícola, seguido por uma degustação dos dois melhores vinhos da casa, Barolo e Barbaresco. Nas escavações para fazer a vinícola, de 4 andares subterrâneos, foram encontradas as antigas muralhas da cidade de Alba, ou seja, tivemos uma visita grátis a um museu medieval. Barolo e Barbaresco são feitos com a mesma uva, a Nebbiolo, que significa nublado em Italiano, justamente referindo-se a paisagem de Piemonte. Os requerimentos que definem Barolo e Barbaresco são: Barolo DOGC 100% Nebbiolo, 38 meses minimo de maturação, incluindo 18 meses em madeira; Barolo Reserva necessita de 62 meses minimo de maturação, sendo 18 em madeira. Geralmente as vinícolas usam grandes barris chamados Casks, ao invés de barricas, evitando que o carvalho mascare a qualidade da Nebbiolo. Antigamente não se usava carvalho e a fermentação era mais longa, trazendo um vinho com muito mais tanino. Hoje o mercado busca vinhos mais frutados e algumas empresas cortaram o tempo de fermentação ao máximo e usam barris de carvalho novo, método muito criticado pelas vinícolas tradicionais. Já o Barbaresco precisa ser também 100% Nebbiolo, com 26 meses de maturação, sendo 9 meses em madeira; Barbaresco Riserva necessita mínimo 50 meses de matutação, sendo 9 em madeira. Na degustação de Barolo e Barbaresco é facil entender o porquê da fama dos Barolos. Realmente são mais elegantes e complexos que os Barbarescos, que já são ótimos vinhos. Barolos e Barbarescos podem ser separados por Single Vineyards, ou seja, porções de terra que produzem as melhores uvas, que tem o melhor terroir. Algumas empresas lançam, dependendo do ano, exemplares reserva, de anos e lotes excepcionais e colocam o nome do vinhedo no rótulo. Pio Cesare não usa este sistema. Eles fazem um Blend de todos os seus vinhedos, das várias regiões autorizadas a produzirem Barolo e produzem um vinho único, no qual acreditam que expressa a verdadeira região, o Barolo original. Ambos estilos tem taninos expressivos porém elegantes, tornando-os vinhos de vida longa. O Barolo possui os aromas conhecidos de rosas e alcatrão com os taninos um pouco mais robustos. Costumam dizer que Barolo é o macho e barbaresco a fêmea de Nebbiolo. Existem dois lugares para se provar ótimos Barolos, em Barolo. Estamos falando da Enoteca Regionale del Barolo e do Museo Dei Cavatappi, um museu de saca-rolhas. A Enoteca possue 32 Barolos, guardados em máquinas que mantém os vinhos por muito tempo depois de abertos e você usa um cartão para provar o desejado. A prova sai entre 3 e 4 euros, para garrafas de até 80 Euros. Vale a experiência pois você pode apreciar vários vinhos diferentes e entender melhor os Barolos. Já o Museu guarda excelentes surpresas. Ele é famoso não pelas peças do seu acervo e sim pelos vinhos que oferece. Com a mesma máquina da Enoteca, abrem 4 garrafas diferentes de vinhos excepcionais e raros de encontrarmos em uma degustação. Um exemplo? Provamos um Barolo Conterno Riserva de 1999, que custa a bagatela de 1800 euros a garrafa. É um daqueles vinhos que deve ser degustado sozinho, em um quarto, com os sentidos em alerta, para tentarmos entender a complexidade do produto. Já fizemos um post sobre as diferenças destes vinhos caríssimos e podemos afirmar que vinhos neste valor, não se compra apenas o líquido, compra-se a marca, a raridade, um pedaço de história e o luxo de ter uma garrafa dessas em sua adega. Uma garrafa com este valor já deixou de ser apenas vinho. Achou caro? A coisa não para por aí... Nas nossas andanças entre Barolo, Alba e Barbaresco, fomos almoçar em Alba. Chegando lá encontramos o mercado mundial de trufas brancas de Alba. Já tinhamos “caçado” trufas negras com cachorros na França e por lá provamos varios pratos com essa iguaria. Porém as mais famosas são as trufas brancas da Itália que custam 3 vezes mais que as negras encontradas na mesma região. Em cada esquina de Alba encontra-se um restaurante que, entre Outubro e Novembro, oferece as famosas trufas brancas. O preço é um só, 30 euros por uma raspadinha de trufas no prato, 10 gramas. Isso além do preco do prato, se o menu vale 10 euros, é mais 30 só pelas trufas. Uma trufa branca do tamanho de uma bola de tênis, chega a valer fácil 500 euros. Nas ruas é comum encontrarmos barraquinhas e lojas especializadas com degustação de produtos com trufas, como manteiga, salames,mel , cremes, etc. Até batatinha com sabor trufas encontramos, e realmente é muito boa. As trufas brancas são bem mais suaves que as negras e é facil reconhecer seu cheiro dentro de um restaurante, principalmente porquê são “fatiadas” na hora. A melhor forma de comer as trufas são simplesmente encima de um ovo frito ou com macarrão apenas na manteiga. Outro prato tradicional de Alba, que também pode receber as trufas, é a carne crua de vitelo, cortada finamente com a faca. Bom, o negócio é tomar um vinho para esquecer a conta... Voltamos a Barbaresco para visitar dois lugares interessantes, uma igreja que virou enoteca, chamada Enoteca Regionale del Barbaresco e uma cooperativa chamada Produttori del Barbaresco. Na Igreja desativada, eles abrem todos os dias 4 diferentes Barbarescos, com o valor de 3 euros a prova. Possuem quase que todos os produtores a disposição para quem quiser levar um bom Barbaresco para casa. Já a Cooperativa possui mais de 50 produtores, que passam por um verdadeiro ritual a cada ano, ter suas uvas analisadas para saberem quanto receberão pelo produto. Em um determinado dia da semana, após a colheita, a rua na frente da cooperativa é fechada, os tratores chegam e 1 kilo de uva é recolhido de cada produtor. A uva passa por uma maquina que analisa a qualidade da uva e na hora o viticultor já sabe quanto vai receber por sua safra. É um mix de choro e alegria em frente à cooperativa. A empresa possui máquinas de ponta que separam os frutos de acordo com a qualidade. No momento em que recebem as uvas, o enólogo já sabe em qual tipo de vinho elas serão usadas. Fomos muito bem recebidos e nos ofereceram alguns vinhos especiais como este Barbaresco, Asili, Riserva 2009. (Asili é o nome do vinhedo que as uvas foram produzidas) Após vinhos e trufas, faltava alguma coisa... Nutella, ou melhor o creme de Nocciola, a nossa avelã. O melhor lugar para comprar este creme é nas feirinhas, onde encontramos a “Nutella” artesanal, que é feita com a pasta da Nocciola (70%), cacau e açúcar. Um dos feirantes nos ensinou a melhor forma de comer o creme de Nocciola... Simplesmente em uma colher, com uma noz de Nocciola torrada, nada mais. Existem também a pasta sem o cacau, somente nocciola e açúcar, também muito interessante.
Lembrem-se: Novembro + Piemonte = Barolo, Trufas brancas e Nutella, uma bela equação.
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Andre & Karla
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