Começamos nossa trip em Toscana pela cidade de Montalcino, um encontro cara a cara com um dos vinhos mais famosos da Itália. Mais uma vez alugamos um carro em Perugia e desta vez fomos em direção ao Norte, visitar a região de Toscana. Toscana basicamente situa-se entre Siena e Florência, puxando um pouco pra lá, um pouco pra cá, mas para situarmos, lembrando de Siena ao Sul e Florência ao norte, podemos ter uma base do que é Toscana. Uma região, que assim como toda a Itália, merece dias para ser explorada e independente do tempo da viagem, sempre parece que não vimos tudo. Nossa primeira parada foi na cidade de Montalcino para conhecer o fabuloso vinho 100% Sangiovese, a uva que caracteriza Toscana, estamos falando do famoso Brunello de Montalcino. Os Brunellos possuem uma história ligada a vinícola Biondi Santi, que no final da segunda guerra tinham declarado apenas 4 safras de Brunello, 1888, 1891, 1925 e 1945. Por ser um sucesso e um vinho raro na época, outras companhias seguiram os passos de Biondi e já em 1980, com mais de 50 produtores, a região ganhou status de Denominazione di Origine Controllata e Garantita (DOCG). Os Brunellos devem ser produzidos nos arredores da cidade de Montalcino e devem conter 100% Sangiovese. Em 2008, quatro produtores tiveram seus vinhos confiscados por misturarem variedades internacionais como Cabernet Sauvignon e Merlot aos Brunellos. Outra regra dos Brunellos é ser envelhecido mínimo dois anos em barris de carvalho e 4 meses na garrafa antes de serem comercializados. Infligir estas regras podem levar a até 6 meses de prisão. A maioria dos produtores separa as garrafas em “Normale” e “Riserva”, sendo a primeira liberada 50 meses após a colheita e Riserva 62 meses. Brunello é o diminutivo de Bruno, que significa marrom em Italiano. Este nome foi dado a uva dos primeiros Brunellos, porém pesquisadores descobriram que tratava-se da mesma Sangiovese. A altitude e o clima de Montalcino, fazem que da região o melhor lugar de Tuscana para o cultivo de Sangiovese, gerando uvas maduras e consistentes que transferem todo o “terroir”, cor, corpo e taninos característicos dos Brunellos. Podemos comparar os Brunellos com os Pinot Noir de Burgundy, com taninos bem trabalhados e características frutadas. Outro vinho comum na região é o Rosso de Montalcino, também 100% Sangiovese, porém envelhecido apenas 6 meses em Carvalho e 4 na garrafa antes de ser liberado. Chegando em Montalcino a paisagem é uma só, vinotecas e bares de vinhos oferecendo Brunellos para todos os gostos. Passamos o final de tarde em um bar de vinhos, onde você encontra garrafas de até 150 Euros, porém estão em máquinas onde você paga apenas pela taça e assim pode provar diferentes produtores. Colocando o cartão na máquina e apertando um botão, a dose certa é servida e o valor referente adicionado ao seu cartão, no qual você paga na saída. Lá provamos o lendário Biondi-Santi. Um dos preferidos da noite foi o San Polo. Este vinho recebe bons comentários de muitos especialistas e traz notas de madeira, violeta, toque de vanila e sabores característicos de frutas vermelhas. Este vinho custa em torno de $30.00 na Itália e pode ser encontrado no Brasil. No dia Seguinte fomos visitar 2 produtores, um deles considerado o melhor Brunello da Itália, chamado Poggio Di Sotto. Poggio Di Sotto usa apenas fermentos naturais, ou seja, encontrados na casca da uva. Possuem um controle rigoroso na quantidade de frutos, com capacidade de 80 mil garrafas ao ano, produzem apenas 33 mil, retirando mais da metade das uvas ainda verdes. Este tipo de seleção deixa a energia concentrada nos frutos que ficaram e produzem uvas de extrema qualidade. Este fator aliado a um dos micro climas mais quentes de Montalcino são os pontos chaves deste fabuloso vinho. Nossa próxima parada foi em IL Palazzzone, onde fomos muito bem recebidos pela gerente da vinícola e o winemaker. Acompanhamos alguns processos, como este de aerar o vinho logo após o fim da fermentação. Após este procedimento, as cascas das uvas são removidas dos tanques e prensadas para extração do vinho concentrado, que é vinificado em tanques separados e misturados ao produto final de acordo com a necessidade. Na degustação fomos apresentados as vintages 2009 e 2010, porém após uma boa conversa a gerente nos trouxe um exemplar de 1999 que nos fez entender melhor o que são os Brunellos e sua capacidade de envelhecimento. Os Brunellos novos são um pouco difíceis de entender, cor clara, uma confusão entre adstringência e acidez, às vezes agressivos, porém quando encontramos um vinho de uma boa safra, bom produtor e um pouco mais velho, entendemos o por quê de sua fama.
Continuem acompanhando nossa trip pela Toscana, pois nossa próxima parada será em Chianti, passando por Florência, Bologna e San Marino! Salud!
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Andre & Karla
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