Conhecida por ter a paisagem como a Lua, cidades embaixo da terra, igrejas em cavernas e casas escavadas nas rochas, Capadócia guarda mistérios e vinícolas estimadas em 7000 anos! Após atividades vulcânicas terem coberto a região com mais de 150m de lava, a erosão provoca por ventos, rios, chuvas e neve, transformaram a região em um vale de “chaminés de fadas” chamadas peri bacalari. Estas esculturas naturais, que estima-se em 60 milhões de anos, serviram de abrigo para diferentes povos, inclusive não se sabe quem foram os primeiros a escavarem as rochas e se tornarem verdadeiros homens da caverna. O principal registro foi deixado pelos católicos que fugiam do império romano e se abrigavam nas rochas e cidades subterrâneas. O solo rochoso foi ideal para a produção de vinhos, porém era utilizado um fertilizante natural que pode ser logo percebido nas casinhas feitas nas rochas aos milhares, fezes de pombos! Os antigos habitantes da região criaram nas rochas milhares de casas de pombos, onde recolhiam o adubo necessário para fertilizar as terras. Os Hitittes que criaram um Império a mais ou menos 1600 anos antes de Cristo, deram o nome a região de Anatolia (onde fica Capadócia), de “Wiyanawanda” que significa País do vinho. A 700 anos antes de Cristo, o vinho já era oferecido aos Deuses como presente. Os primeiros cristãos, inclusive fizeram referência aos Deuses gregos do vinho Dionysyos e Bacus, entre 100 e 400 anos depois de Cristo. Alguns historiadores relatam a importância do vinho no Cristianismo, que tem o vinho representado como sangue de Cristo. Encontramos vinícolas a 40 metros de profundidade, na cidade subterrânea de Derinkuyu, assim como outras escavadas nas “chaminés”ao redor da Capadócia. Derinkuyu abrigava em torno de 20 mil pessoas, sendo a cidade mais profunda das 36 encontradas em Anatolia, com 70 metros de profundidade. Fizemos uma degustação na vinícola Turasan, onde encontramos as tradicionais uvas da região: Kalecik Karası, Öküzgözü, Boğazkere, Narince and Emir. Kalecik Karası é uma uva que quase foi extinta, porém adquiriu tanto prestígio entre os Turkos que geralmente seu consumo é todo interno. Devido à alta procura é cultivada também fora de Anatolia, em micro climas parecidos com o da Capadócia. A aromática Öküzgözü geralmente é misturada com a marcante Boğazkere, que significa garganta arranhando. As duas fazem um belo Blend! Narince pode ser usada para produção de seco e semi-seco. Porém, a maioria é seco, com alta acidez e ganhando um bouquet característico a medida que envelhece. Emir é responsável por 25% da produção na Capadócia. Com alta acidez, médio a leve corpo, é bastante mineral, característico do solo vulcânico A comida a ser provada se chama Testi Kebab, uma carne com vegetais, cozida na lenha e em jarro de barro. O jarro vem fechado, geralmente com um pão e é quebrado na sua frente. A Turkish Lira, moeda local, vale como 0.33 dólares. Um jantar sai em média 15 TL o prato, uma cerveja 10 TL e um vinho algo em torno de 30TL. Uma noite para duas pessoas com um bom vinho custa uns 60 reais. Um souvenir legal, para todos nós amantes de vinho, é este Jarro Hitita, um decanter antigo, com design de 3600 anos. Com formato redondo, devido à adoração ao Deus sol, os imperadores acreditavam que o vinho servido neste recipiente, representava o sangue dos Deuses. A forma correta de usar é colocando-o no ombro, obrigando a pessoa a curvar-se na hora de servir, manifestando assim um ato de reverência aos Deuses. O passeio de balão, considerado o mais famoso do mundo, vale a viagem! Voos rasantes pelos vinhedos, cultivados no chão estilo Santorini, casas em paredes rochosas e ao final um brinde com uma mistura de suco de uva e espumante local, são a cereja do bolo deste passeio inesquecível. A Turkia vai deixar saudades! Nos sentimos extremamente seguros e esse era o assunto entre os turistas, a segurança e a receptividade que tivemos em todos os lugares do país.
Ao contrário das notícias sensacionalistas que buscam clics nos seus links, a Turquia é muito mais segura que várias cidades do Brasil. Os problemas existem, claro, porém são pontuais e não nas proporções que chegam até as nossas casas a ponto de evitarmos uma viagem. País lindo, comida fantástica, vinhos com uvas indígenas fabulosas, povo receptivo, praias com águas cristalinas e história para todos os lados.
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Andre & Karla
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