Em uma parada especial em Punda Del Este e Montevideo, vivenciamos o melhor do Tannat! Depois de alguns dias desfrutando o Rio de Janeiro, que por sinal continua lindo, embarcamos em um cruzeiro com destino a Vina Del Mar, no Chile, onde iremos ficar 2 meses antes de visitarmos a região de Mendoza, na Argentina. O cruzeiro passa por Punta Del Este, Buenos Aires, Montevideo, Ilhas Malvinas, Ushuaia e lindos canais pelos últimos pontos habitados pelo homem no Hemisfério Sul. Em Ushuaia você pode encontrar vinhos destinados apenas ao mercado da Patagônia. Chegando no Uruguai, mais precisamente em Montevideo, saímos iguais a cães farejadores em busca dos famosos Tannat, ou Harriague, como chamam os locais. Harriague é uma homenagem ao imigrante basco Dom Pascal Harriague, que em 1870, diversificou as castas em busca das que melhores se adaptavam a região. Tannat é uma uva do Sudoeste da França e assim como aconteceu com a Malbec na Argentina, aconteceu com a Tannat no Uruguai, achando clima e solo ideais para se tornarem ícones dos seus respectivos países. Os Enólogos uruguaios, conseguiram “domar”a difícil Tannat, controlando o teor de açúcar na uva e seu amadurecimento, mantendo o teor de adstringência com técnicas como a de maceração das sementes, trazendo equilíbrio ao vinho. O paralelo 35 que cruza o país pouco acima de Montevideo, é a mesma linha imaginária que cruza Santiago do Chile, Mendoza na Argentina, Cidade do Cabo na África do Sul, regiões do Sul da Austrália e Norte da Nova Zelândia, todas produtoras de excelentes vinhos. Além deste privilégio, o país esta cercado por água: Oceano Atlântico, Rio da Prata e Rio Uruguai. Os vinhedos agradecem ainda uma temperatura média de 18 graus, sol constante na maioria do ano e verão quente e chuvoso. Os vinhos feitos com a uva Tannat, são conhecidos por seus taninos acentuados e terem sua melhor expressão nas terras Uruguaias. Desembarcando no porto de Montevideo, encontramos logo de cara o “Montevideo wine experience”, na porta de entrada do Mercado del Puerto, que fica na parte velha da cidade. Lá, tivemos a oportunidade de fazer uma degustação de alguns Tannat, acompanhados de produtos locais, como queijos e salames Uruguaios. Fomos bem recebidos pelos donos do local, que colocaram 3 vinhos na nossa frente. Nos falaram que neles encontraríamos o Terroir Uruguaio, pois bem… O primeiro foi o Estância La Cruz JANO, 100% Tannat, com vinhedos que passam de 80 anos de idade. Um vinho muito bem conceituado, que sem passar por barricas, traz as características do Tannat Uruguaio. Mas… Falando com sommeliers locais e donos de bares de vinhos, chegamos a um ponto comum… Os melhores Tannat, são os cortes com Merlot, ponto. Um vinho interessante foi o ARTESANA, com 60% Tannat e 40% Merlot, da região de Canelones, com produção limitada de apenas 580 caixas ao ano. O Último foi o vinho Equilíbrio, 9800 garrafas ao ano, com incríveis 16.5% de Álcool e aqui vem um detalhe interessante… Os Tannat, se comparam aos vinhos de Chateaunef Du Pape, quando falamos de teor alcóolico. Muitas vezes passando dos 16%, as vinícolas informam nos rótulos apenas 15.9% de álcool, mesmo o vinho possuindo 16 ou 17%. Isso se deve ao fato de que bebidas com mais de 16% de álcool, se enquadram na categoria “Licor”e a cobrança de impostos seria maior. Então se você encontrar um Tannat Uruguaio com 15.9% de teor alcoólico, fique sabendo que pode estar tomando algo mais forte que o informado. O Tannat é um vinho intenso, com taninos marcantes, difícil de ser tomado sozinho, precisando de um bom prato de carne para acompanha-lo. Para isso, estamos no lugar certo, o Uruguai… No mercado você encontra 4 cortes típicos de carne, o baby beef, assado de tira, entrecôte e a famosa picanha. Provamos uma picanha fantástica! $35 dólares para duas pessoas, acompanhada de batata frita e Chimichurri. Existem comidas mais baratas, em locais menos turísticos… mas seria como ir no mercado de SP e não comer um sanduíche de mortadela ou pastel de bacalhau. O vinho que escolhemos para levar para casa, foi um exemplar da renomeada vinícola Bousa, 100% Tannat. Um dos melhores puros Tannat que tomamos! Outros dois nomes a serem provados são: Família Deicas e H. Stagnari. Além dos vinhos mais conceituados, é fácil encontrar nos bares vinhos sem rótulo (para evitar os altos impostos), de vinícolas locais, que só são vendidos no “mercado negro” e que só podem ser provados se você vai até o Uruguai. Se vinho tinto não for o seu forte, pergunte por variedades como a Sauvignon Blanc e Viognier. Outro produto que não pode ficar pra trás é o famosos medio y medio, encontrado em qualquer restaurante, uma mistura de 50% Espumante com 50% vinho branco. Um dado importante do Uruguay, é que metade de suas 200 vinícolas, produz menos de 100 mil garrafas por ano. Ou seja, enquadram-se na valorizada categoria de vinícolas-butique. Se você for visitar o país em busca de vinhos, as 3 principais regiões produtoras são: • Canelones, próxima a Capital Montevideo; • Colônia, região onde está localizada a cidade Colônia Del Sacramento, declarada patrimônio da Humanidade pela Unesco; • Maldonado, região onde está localizada Punta Del Este. Como o Uruguai apresenta um panorama de forte evolução na qualidade de seus vinhos, os preços acabam ficando menos atraentes, com vinhos bons começando em $40 dolares. Mas vale a pena curtir um bom Tannat, com uma picanha Uruguaia. Ainda… é facil perceber a “rixa” entre Uruguai e Argentina quanto a Chimarrão, Tango, doce de leite, Alfajor, empanadas, vinhos e carne. Algo bem mais intenso do que Pelé x Maradona. Nessa disputa de quem tem os melhores produtos, quem ganha somos nós! Bom, agora fiquem ligados em nossa Trip pelo Chile e Argentina, que vem muita coisa interessante por aí.
Salud!
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Andre & Karla
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