Você já deve ter provado Sidra, mas já provou a Sidra do gelo? Se você gosta de IceWine, deve provar a IceCider. Alugamos um carro em Montreal e fomos aos Sul, pertinho da fronteira com os EUA, visitar Eastern Townships, um conjunto de vilas que possuem excelentes vinhos, ice Wines e principalmente Ice cider! Nossa primeira parada foi na cidade Chambly, famosa pela cerveja La Fin du Mondé, fabricada pela Unibroue. A fábrica não possui degustação e não é aberta ao público, porém um restaurante que fica no centro da cidade, chamado Fourquet Fourchette, oferece as cervejas draft ou em garrafas, vale muito a pena a parada! Dormimos na cidade de Marieville, onde tivemos o primeiro contato com as Sidras. Sidras usam basicamente o mesmo processo de produção dos vinhos, porém são feitas com maçã. Graças às regulações de Quebec, a Sidra Canadense está entre as melhores do mundo, usando apenas 100% suco de maçã e tendo entre 7 a 13% de álcool. Visitamos as duas melhores “Sidrarias”da região, Michel Jodoin e Coteau Rougemont. Nelas tivemos o contato com as Ice Cider, ou Apple Ice wine ou ainda Cidre de glacê (Em Frances). E que maravilha! Adoramos ice wine com blue cheese, mas agora temos outra preferência, Foie Gras com Ice cider. Ice Cider foi criada em Quebec em 1989, inspirada nos Ice Wines da Alemanha. Ela pode ser produzida através de dois processos que concentram o açúcar, Cryoconcentration and Cryoextraction. Cryoconcentration, é o método mais comum, onde as maçãs são colhidas no Outono e preservadas até o inverno, onde serão prensadas e seu suco exposto a baixas temperaturas, do lado de fora da vinícola, por até 6 meses. O resultado é um lento congelamento onde os sólidos descem por gravidade e a água se congela na superfície, deixando um mosto extremamente concentrado na parte de baixo. Cryoextraction, é o método onde as maçãs ficam congeladas ainda nas árvores e são colhidas após 3 noites a temperaturas entre -8 e -15 graus Celsius. Este método é idêntico ao praticado para a produção de Ice Wine. Após a prensagem, o nectar passa por uma lenta fermentação de até 8 meses, gerando um produto único e difícil de ser encontrado. Com o alto uso de mão de obra, dependência de condições climáticas adequadas e a necessidade de até 100 maçãs para a fabricação de uma garrafa, este tipo de Ice Wine acaba se tornando bem mais caro que o feito por Cryoconcentration. Comparando a Sidra feita com Cryoextraction (garrafa da esquerda), com a Cryoconcentration (garrafa da direita), nota-se uma coloração mais escura, concentrada, que se reflete tambem no sabor e aromas. Levamos nossa garrafinha, que será provada com as duas melhores combinações para Sidras doces: Foie Gras e queijo tipo blue, feito por monges do Canadá. Paramos na Abbaye Saint Benoit, um mosteiro famoso pelos queijos feitos por monges. O produto principal deles se chama Blue Benedictin, feito da mesma forma que o famoso Roquefort, da França. Ao chegar no mosteiro você encontra uma caixa com 10 tipos de queijos, 3 deles sendo do tipo blue, totalizando 1.2 kg de produtos únicos. E foi esses que levamos para acompanhar a Ice Cider. A rota dos vinhos possue um em excelente mapa, com 64 vinícolas, que pode ser acessada neste link: https://www.easterntownships.org/ O ideal é ficar perto da cidade de Dunham, onde em menos de 10 minutos de carro, se chega nas principais vinícolas. Visitamos 5 vinícolas em 1 dia, muitas degustações , vinhos excelentes e provamos uma tal de Sidra de fogo. E vamos aos destaques… Na Vinícola Union Libre, provamos a sua criação, Cidre de Fue, a cidra de fogo. Primeira vinícola a produzir uma Sidra onde as maçãs são prensadas, cozidas e fermentadas. Com o processo de cocção, os sólidos e açúcares são concentrados, e então fermentados, chegando a um produto similar ao Ice Cider. De lá fomos a Domaine des Cotes D’ardoise, uma vinícola fantástica, com uma winemaker que é juíza de vinhos internacionais a quase 30 anos. Ela mostrou seus produtos, feito com uvas Híbridas, sendo que a maioria só crescem ali, na própria vínicola, e podemos conferir seu trabalho em excelentes vinhos. Destaque para o Riesling 2016, seco, com toques herbáceos, lembrando muito tomilho, alecrim, quase que remetendo-nos a um Retsina wine da Grécia. Em Chateau De Cartes, nos divertimos com as experiências do winemaker, desde orange wines, vinhos com fermentos adicionados na garrafa, até um Ice Wine tinto de Frontenac. Outra famosa é a Orpailleur, bons vinhos, porém a fama está no seu restaurante, estilo Frances, onde servem desde patês de foie Gras a Beef Tartare. No caminho de volta ainda paramos na Val Caudalies, lindas paisagens, onde provamos um bom Vermouth ( vinho fortificado com ervas) e um blend de Frontenac noir-Marquette, excelente em se tratando de uvas Híbridas. No dia seguinte, tomamos café (suco de maçã), na Magasin General, um lugar muito legal na cidade de Frelighsburg, que vende as famosas tortas de maple syrup, da marca Les Sucreries de l’érable’, considerada a melhor Maple Pie do Canadá. No caminho visitamos uma fábrica de Foie Gras, o famoso e contestado pate de fígado de pato. Para quem não conhece, Foie Gras é o pate do fígado de pato, Hiper alimentado, que com a alimentação forçada, acaba gerando um fígado muito maior e mais gorduroso que o normal. Método contestado pelo mundo, porém uma das iguarias mais conhecidas na França. A saideira foi comprar um excelente e premiado vinho branco no Vignoble Domaine Bresee, um dos melhores vinhos brancos que provamos na região feito com a tinta Ste-croix, e as brancas Vidal, Vandal-Cliche e St Pepin. Se você planeja um passeio ao Canadá, alugue um carro e vá para Eastern Townships, muito vinho, sidras, Foie Gras, Pato, queijos e iguarias que lembram em muito as cidades do interior da França.
Próxima parada Québec City e tudo sobre o famoso Maple Syrup. Salud!
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Andre & Karla
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