Carmenere, um símbolo Chileno, ou seria Merlot? Cabernet Sauvignon é a uva mais plantada no Chile, que tem orgulho dos seus Blends estilo Bordeaux. Porém, a fama Chilena vem de uma uva que por muito tempo acharam que era uma outra variedade, estamos falando do Ícone Chileno, a Carmenere. Carmenere foi uma uva natural da Espanha e levada a França pelos Romanos, até que a peste do inseto Phylloxera, ocasionou sua extinção na Europa em 1860. Outras variedades foram replantadas na região de Bordeaux, porém devido a baixa resistência, desistiram de replantar a Carmenere e a declararam extinta. A história poderia acabar por aqui até que… Em 1990, no Chile - onde imigrantes Franceses, Espanhóis e Italianos, trouxeram os costumes de produzir vinhos - Enólogos achavam seus Merlots únicos e bem diferentes das outras partes do mundo, foi então que submeteram algumas amostras a testes. Resultado? Mais da metade das uvas Chilenas, que eram consideradas Merlot, na verdade eram Carmenère. Foi então que em 1998, pesquisadores finalizaram seus estudos e o governo declarou a Carmenère como a uva assinatura do Chile. Carmenère possui uma mescla de notas verdes, pimenta, pimentão e um toque de frutas maduras. Combinação esta que não encontramos nos Merlot. Uma outra curiosidade que chamou a atenção dos viticultores, foi que algumas folhas mudavam de cor, ficando com tonalidade café e outras não. Era mais um indício que as plantas poderiam estar misturadas. Note as duas folhas, diferença nas cores, porém quase o mesmo formato. Visitamos o famoso vale de Colchagua e vamos contar um pouco do nosso passeio e dicas de vinícolas imperdíveis. Colchagua Valley fica a umas duas horas de Santiago. A melhor forma de chegar é de carro, pois é preciso de locomoção para o translado até as vinícolas, que estão a uma media de 15 minutos da cidade central de Santa Cruz. Colchagua abriga cerca de 75% da produção total de Carmenere do Chile, e o país é responsável por mais de 98% da produção mundial desta variedade. Aqui o mapa da região mais detalhado, com as principais vinícolas. Procure por Santa Cruz, é lá que você deve se hospedar. A região é cheia de Hostals, casas familiares que alugam quarto com café da manhã. Ficamos no Hostal Chilelindo, 10 estrelas! As melhores vinícolas do Chile estão sem duvida nesta região. Você deve escolher algumas para visitar e a partir daí formular um roteiro. Três vinícolas por dia é o ideal, então Colchagua merece mínimo 3 dias para dar um bom passeio pelo vale. Nos escolhemos Clos Apalta (A parte nobre de La Postole), Neyen, Montes, Ventisquero, Laura Hartwig, MontGras e Estampa. Todos os vinhos possuem uma média excelente, ficando a seu critério mesmo a escolha das vinícolas a serem visitadas, sendo que algumas lhe proporcionam uma experiência melhor em termos de atendimento e visual. Vamos começar com uma que você NÃO deve ir… Viña Montes. Famosa pelos seus vinhos Ícones Montes Alpha M, Purple Angel e Montes Folly. Se quiser degustar os 3 em taças de 50cl, ou seja, só um “golinho” vai pagar a bagatela de $55 dólares. Mas o pior é o atendimento, conversamos com varias pessoas em outras vinícolas e incrivelmente todos reclamaram. Temos que concordar, pessoal extremamente despreparado para o Turismo. A outra em que tivemos a visita mais ou menos foi a vinícola Neyen. Porém essa sim com excelentes vinhos! infelizmente estavam meio perdidos no atendimento. Chegamos com hora marcada as 2:00 PM e a visita começou as 2:40 PM. Mas os vinhos são show, principalmente o Carmenere Primus e o top da linha chamado Neyen, um blend de Carmenere com Cabernet Sauvignon. Nos falaram na vinícola, que a melhor Safra foi a de 2008, com 80% Carmenere no blend. Neyen indicamos os vinhos, não a visita. Em termos de visual, de se sentir bem com a Natureza e de atendimento temos a Ventisquero bem a frente das outras… Provamos alguns ótimos vinhos em um final de tarde sensacional. Imagine um final de tarde com esse visual... Na Ventisquero você pode caminhar por um pequeno vinhedo de Syrah, onde é feito o vinho Pangea. Sem palavras, caminhar entre as parreiras que forneceram as uvas para o vinho que você está tomando naquele exato momento. Outra que vale muito a pena visitar é Laura Hartwig, 10 minutos caminhando do centro de Santa Cruz, ótimo atendimento, vinhos servidos com empanadas e você tem a oportunidade de provar exemplares 100% Carmenere, 100% Petit Verdot e 100% Cabernet Franc. Se você gosta de Carmenere, deve provar a Cabernet Franc de Colchagua, com Taninos fortes e toques de pimentão que remetem a um Carmenere mais estruturado. Entre as melhores de Colchagua vamos encontrar também a Clos Apalta, o vinho “primo rico”de La Postole. Alexandra Marnier Lapostolle, a dona da vinicola também é dona do famoso licor Grand Marnier Provavelmente um dos vinhos mais complexos de Colchagua… Feito das famosas vinhas pre-Phylloxera, plantadas em 1920. Estamos falando de vinha de mais de 80 anos, colheita manual, fermentação em grandes tanques de carvalho (95%) e barrica francesa nova de Bordeaux (5%), fermentos naturais, cada uva é separada de seu ramo a mão, transporte entre tanques por gravidade, envelhecido 26 meses em barrica nova Francesa, orgânico e Biodinâmico! Uau! O Blend depende da Safra e pode usar Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenere e Petit Verdot, com predominância de Carmenere. Esse é o exemplar a ser provado: Imaginem o vinho que sai dai.. Com toques de figo, nozes, frutas negras, incrivelmente cremoso e de final longo, com o tempo abrem-se aromas de canela e liquorice. Os taninos são extremamente suaves, mesmo para um vinho jovem. O ideal são vintages mais antigas, mínimo 5 anos, ou decantar o vinho e deixá-lo descansar por 1 hora. Se você abrir um vinho desses e servir sem decanter, estará perdendo mais de 50% do seu potencial. Entre uma vinícola e outra visitamos o museu de Santa Cruz. Incrível como uma cidade pequena, pode abrigar um dos melhores museus do mundo. Para nós depois do Louvre e de NY, está o de Santa Cruz. Reproduz a história Chilena e a evolução humana em detalhes. Entre ovos de dinossauro, múmias e muita cultura das Américas, está uma parte dedicada aos 33 mineiros que foram resgatados da mina em Atacama. E uma área que conta sobre as famosas múmias mais antigas que as Egípcias Outras duas vinícolas que visitamos foi a Estampa e Montgras. Em Montgras encontramos talvez o melhor custo benefício de Colchagua. Ótimos vinhos e um passeio agradável onde você pode degustar vinhos que ainda não foram engarrafados, direto do tanque. O vinho a ser provado se Chama Ninquén! Considerado o primeiro vinho de montanha do Chile, Ultra premium, de 20 a 24 meses em barrica francesa de primeiro uso, sendo a safra 2013 um Blend de 42% Syrah e 58% Cabernet Sauvignon. É-se vinho tem 94 pontos no guia Descorchados e 90 pontos no Wine Advocate de Robert Parker. Finalizamos Colchagua com uma vinícola que promete, Estampa! Um atendimento fantástico e pontual, com guias extremamente bem treinados e vinhos bem balanceados. Estampa é famosa por seus Blends bem equilibrados que levam sempre a famosa Carmenere. O Top e linha, chamado La Cruz, possui 72% Carmenere, Syrah 16% e Petit Verdot 12%. A vinícola ainda conta com um restaurante, que será inaugurado em Fevereiro de 2018, e que usará apenas ingredientes locais, muitos selvagens que crescem ao redor do próprio vinhedo. Com certeza será um dos melhores, senão o melhor conceito de restaurante em Colchagua. Caminhando pela vinícola, encontramos obras de arte. Barris antigos, pintados em um dia por artistas locais. Aqui o carro chefe é o La Cruz, 72% Carmenere, 16% Syrah e 12% da potente Petit Verdot, vinho robusto, passando por barrica francesa e americana de primeiro e segundo uso, mantendo muita característica da fruta. Deve ser decantado por no mínimo 1 hora. Essas foram nossas escolhidas, de acordo com conversas que tivemos com locais, donos de bares e Enólogos.
Porém o vale é recheado de vinhedos e com certeza você pode encontrar muita coisa boa por aqui. Outras opções são Los Vascos, Las Niñas e Viu Manent, além da turística Vina Santa Cruz, mas ficamos felizes com nossas escolhas, descartando apenas a Viña Montes. Algumas vinícolas recebem turistas apenas com hora marcada, caso da famosa Clos Apalta. Então sempre é bom planejar com antecedência para garantir sua degustação. Agora vamos atravessar os Andes até Mendoza, pela famosa estrada Los caracoles, onde as 3 refeições diárias serão carne e Malbec. Salud!
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Andre & Karla
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