Comidas vegetarianas, dormir em tatame, Jantar as 5:30 da tarde e assistir a reza dos Monges as 6 da manhã… Para completar um tour noturno no mais sagrado cemitério do Japão. Que experiência! Saindo de Kyoto, demos um pulo até Nara, uma cidade extremamente interessante, onde na rua não existem gatos ou cachorros, mas sim veados. No Parque de Nara, você encontra centenas deles. Existem barracas que vendem biscoitos por $1,50, exclusivos para alimentar essa galera e eles até brigam por isso. O mais legal é que eles param na sua frente, você faz reverência, e eles fazem junto, indicando que querem comer. Nara Possui um dos templos mais interessantes do Japão, chamado Tōdai-ji. O templo abriga a maior estatua de bronze do Buda Daibutsu do mundo, concluída no ano de 751. O projeto quase faliu a economia do Japão, consumindo a maior parte do bronze disponível na época. Nara possui 8 templos registrados como Patrimônio Histórico na UNESCO e vale muito o passeio, necessitando no mínimo um dia inteiro para se ver “tudo”. De lá seguimos para a cidade de Koyasan, ou Mount Koya, uma remota e sagrada montanha e complexo de Templos. Para se chegar ao complexo desde Nara, é necessário pegar trem, funicular e um ônibus, parece difícil, mas um passe, que lhe dá direito a dois dias em todos os transportes e pode ser comprado na estação de trem, ajuda muito. Koyasan é onde surgiu o Shungon Buddhism, a mais de 1200 anos atrás, sendo considerado um dos lugares mais sagrados do Japão. Nós ficamos em um templo Budista ao lado do cemitério Okunoin. Uma noite em um tradicional templo budista inclui jantar e café da manhã vegetarianos, preparados pelos Monges, Um quarto de hospedes, com tatame e Matcha tea disponível, E se pode acompanhar a reza matinal de um Monge, que dura mais ou menos 45 minutos. Exatamente ao lado do Templo em que ficamos, está o cemitério Okunoin. Com mais de 200,000 Túmulos, monumentos, homenagens (inclusive de empresas de dedetização, que colocam placas pedindo perdão por exterminarem as baratas) está um túmulo especial, o do Monge Kobo Daishi, fundador do Shingon Buddhism. A história das religiões é algo fascinante, a do Shingon Buddhism não fica para trás. Segundo a crença, no cemitério Okunoin não existe morte, apenas espíritos que esperam Kobo Dashi se levantar ao encontro do novo Buda. Quando isto acontecer, todos os outros 200.000 espíritos que estão lá se levantarão com Kobo Dashi. Antes de atravessar a ponte Gobyo no Hashi, que leva ao túmulo de Kobo Dashi, você deve lavar alguma estátua de Buda que está antes da ponte, simulando um banho em seu próprio corpo, para retirar as impurezas. Feito isso, você deve reverênciar a entrada da ponte, e só depois atravessa-lá. Na parte mais sagrada do cemitério, você encontra túmulos sagrados de Monges com diferentes histórias. Em um deles, existe uma pedra, que você deve colocá-la em um andar superior, se a pedra estiver leve, você é uma boa pessoa, já se estiver pesada, você é uma pessoa má. Em outro túmulo existe um poço, e diz a lenda que se você olhar para dentro e ver sua imagem refletida, terá vida longa, se não ver sua imagem, irá morrer dentro de 3 anos. Fizemos o tour noturno no cemitério, o que dá um clima especial ao passeio. Em alguns túmulos, como o da foto abaixo, existe apenas o Pomo-de-adão dos Monges, que estão nestas caixas quadradas. Esta parte do corpo se parece com um Buda rezando, e é através dela que os monges expressam sua fé, através de sua reza em voz alta. Então o Pomo-de-adão fica no cemitério, junto à Kobo Daishi e o corpo em outro perto da família. Atravessando o cemitério, com histórias e lendas, se chega ao túmulo de Kobo Daishi, que morreu em 22 de agosto de 835. Porém, seus seguidores acreditam que Kobo entrou sozinho no túmulo, sentou em posição de meditação e está meditando vivo até hoje, esperando a volta de Buda. A crença é tão levada a sério, que duas vezes ao dia, Monges cozinham para Kobo Daishi, e levam a oferenda ao seu altar. Pode parecer loucura, mas cada religião tem seu tipo de devaneio, que carrega uma época de poucos conhecimentos e dúvidas, onde muita coisa que era desconhecida na época, eram atribuídas aos Deuses. A “verdade”, é atrelada ao lugar e tempo em que você nasceu, sendo diferente no Brasil, na Índia, no Japão, em Israel e se moldando de acordo com os anos. Dinvidades como Buda, Mithra, Horus, Jesus, Moises, Maomé, Krishna, Mitologia Grega, etc… Todas as histórias e lendas trazem uma enorme porcentagem da “viagem” do ser humano em busca do desconhecido, da esperança de vida eterna ou de uma vida abençoada na terra. Com o tempo, tecnologia e o entendimento do que nos rodeia, estes mitos, dogmas e divindades, vão impreterivelmente se perdendo, é a evolução. Enfim, viajar e conhecer culturas diferentes, abre a sua mente para o que você tem como realidade, suas afirmações, credos, tabus, ídolos e códigos morais, leva você a raciocinar e não brigar pela sua crença como sendo a única verdadeira, pois na realidade não é. Uma caminhada pelas ruas de Koyasan, nos leva a antigos Templos, que foram preservados das guerras pelo difícil acesso. A visita a Mount Koya é com certeza um lugar imperdível em uma trip ao Japão!
Arigato!
1 Comment
Debora de Melo
9/7/2024 04:27:07 am
Que experiência incrível!!!! Vamos colocar na nosso lista de coisas para fazer!
Reply
Leave a Reply. |
Andre & Karla
|