Boldo, pão torrado, azeite de oliva, comer antes de beber? Não… Algumas pessoas tem ressaca com apenas uma taça, outras acordam sem problemas depois de duas garrafas, mas como? Nos EUA, muitos atribuem esse problema a chamada “Histamine Hangover”, a ressaca atribuída a um componente do vinho que não é o álcool, são os Sulfitos. Sulfitos? Sim, Anidrido sulfuroso, ou seja, dióxido de enxofre (SO2). No Brasil, os sulfitos aparecem no contrarrótulo como “conservante, ou conservador, INS 220 (anidrido sulfuroso)”, ou em alguns casos, com a expressão “contém sulfitos. Sem muitos estudos comprovando o fato, a crença popular afirma que os Sulfitos encontrados nos vinhos, elevam a Histamina e geram a famosa ressaca no dia seguinte. Mas como evitar este problema? Tomando um anti-histamínico antes de dormir! Quem já provou afirma que dá resultado, os médicos ficam de cabelo em pé com a mistura álcool-medicação e aqueles que sempre acordam com aquela dor de cabeça, com um sorrisinho no rosto. Mas… existe uma outra forma, mais segura, de livrar-nos dos sulfitos… Um aparato muito comum, também nos EUA, promete filtrar o vinho, eliminando os sulfitos sem alterar as características do produto. O legal deste aparato é que ele tem a opção de aerar o vinho ou não. A empresa diz que não vamos ter problemas com dor de cabeça. Será? Ainda não testamos... Muitas vinícolas já estão mudando a forma de produzirem seus vinhos, trazendo produtos cada vez mais naturais, sem muita interferência do homem. São os casos dos vinhos Orgânicos, Biodinâmicos , naturais ou sem sulfitos. Orgânico ou Bio Esta certificação proíbe a utilização da maioria dos antiparasitários, fungicidas e pesticidas, alem de buscar a salvaguarda do ecossistema, do solo, do ambiente e da planta. Há poucos anos, foi criada a certificação Vinho Biológico, que controla também o trabalho nas adegas de produção. Cada processo utilizado só pode envolver insumos e práticas certificadas como Bio, incluindo o limite máximo de sulfurosa total, bem mais baixo se comparado ao limite estabelecido pela lei para os vinhos não Bio. Biodinâmico Biodinâmica é um conjunto de praticas embasadas em milênios de experiência agrícola camponesa, que miram a relação e a conexão entre a terra, a lua, os planetas e a planta. Natural Vinho natural é um vinho feito sem químicos ou produtos industriais desde as uvas até à garrafa. A fermentação é feita com leveduras indígenas (presentes nas uvas), não são toleradas correcções ou intervenções como colagens e filtragens e, acima de tudo, está vedada a adição de sulfitos, o mais poderoso conservante do vinho. Basicamente é suco de uva fermentado sem qualquer intervenção química e com mínima intervenção humana. E finalmente o Sem Sulfitos ou Sem ADIÇÃO de sulfitos. Formalmente um vinho sem sulfitos não é necessariamente um vinho natural, nem biodinâmico e nem orgânico. A uva produz anidrido sulfuroso, é uma proteção natural contra o degrado e a oxidação, portanto não existe a rigor, um vinho sem sulfitos. O acréscimo de sulfitos, sempre pela produção de anidrido sulfuroso, objetiva uma maior proteção para o envelhecimento, o transporte, as variações de temperatura. A sulfurosa naturalmente produzida se desprende com as trasfegas, logo o acréscimo representa uma garantia a mais. Em geral, todos os produtores naturais tendem a utilizar o mínimo indispensável para ter segurança e, cada vez mais produtores, se arriscam a não acrescentar nada. Abaixo de 10 mg/l não é obrigatório escrever no rótulo (ou contra-rótulo) “contem sulfitos”, já acima deste limiar, mesmo se não foi adicionado nada, é preciso mencionar. Mas para que servem os malditos Sulfitos, além de darem dor de cabeça??? Além de controlar a fermentação Malolatica, que modifica a acidez do vinho, os sulfitos tem uma atividade antibacteriana e antioxidante. Ou seja, servem para prevenir o desenvolvimento de bactérias e de transformações oxidativas, que modificam o vinho até torná-lo defeituoso. Na questão do sabor, os vinhos sem Sulfitos, principalmente os brancos e roses, tem uma alteração nas características esperadas devido a baixa acidez, assim como a ausência de componentes aromáticos vindo dos fermentos. Porém, o lado bom é que não trazem o final amargo, característico da adição de sulfitos. Um vinho sem sulfito deve ter muito mais atenção do enólogo e é mais difícil de ser produzido em larga escala. Qualquer um dos certificados que mencionamos acima, são certificações caras que irão refletir no preço do vinho. Este valor agregado, traz uma das maiores vantagens de encontrarmos um produto sem muitas alterações químicas, é a experiência de manter o real Terroir, além de mais saudável, é um vinho que expressa de forma mais autêntica a natureza das uvas e do seu lugar de origem. Independente do tipo de vinho, temos que ter em mente que a hidratação é uma das coisas mais importantes em uma noite em que exageramos um pouco no teor alcoólico, afinal, além dos compostos químicos encontrados em cada bebida, temos o componente principal que deixa todos falando um pouco mais alto, o álcool. Uma dica ou detalhe importante: Se você não se sente muito bem quando come uvas passas, provavelmente terá dor de cabeça quando for tomar um vinho, justamente por causa dos sulfitos.
Entre as receitas “milagrosas” ainda temos Silimarina, vitamina C, carvão vegetal, comer antes de beber, não misturar bebidas, caminhada logo ao acordar, café, Gatorade… Mas alguns avós, falam que uma colher de azeite de oliva antes de beber, um copo de água entre cada taça de vinho e pão queimado antes de dormir, acompanhado de chá de Boldo, é a receita perfeita. O ideal mesmo é cada um achar o seu limite, disfrutar um bom vinho e poder aproveitar o dia seguinte logo cedo, afinal acordar as duas da tarde, se segurando na cama para não cair ninguém merece. Hoje o mundo está na onda da alimentação consciente, e para nossa alegria, os produtores estão levando isso para dentro de nossas garrafas. Salud.
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Andre & Karla
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