Principais vinícolas a visitar, bares, comida típica e melhores cidades para se hospedar. Preparamos tudo para a sua próxima trip a Espanha. Isso mesmo, Rioja possui mais de 600 vinícolas, 14.800 produtores de uvas, exportam para 130 diferentes países e possuem o maior número de barris no mundo. Talvez por esta informação, seja tão comum encontrarmos em vinícolas, como a famosa Muga, um setor exclusivo de produção de barricas de carvalho. A madeira é importada da frança em palets, e fica então de 2 a 4 anos secando, antes da fabricação das barricas. Dois processos bem importantes na fabricação das barricas de carvalho são: A limpeza com água, para retirar os fortes taninos solúveis em água, deixando apenas os solúveis em álcool; E a tosta da madeira, que vai de suave a forte, implicando em aromas que transferem ao vinho tons de baunilha ao tabaco. Nesta foto, é possível notar os 4 tipos diferentes de tonalidades, provenientes da queima dos barris por dentro. Rioja, consequentemente a Espanha, aprenderam a fazer seus vinhos com a vizinha França. É comum vermos as mesmas técnicas, que por sinal são bem caras, aplicadas em Bordeaux, sendo mantidas em Rioja. Marques de Riscal foi o pioneiro em trazer estes processos a Espanha e posteriormente Marques de Murrieta aderiu a prática. Visitamos estas duas empresas e contamos a experiência mais para frente neste post. Começamos nossa trip em Haro, a “cidade das luzes”, por ser uma das primeiras 2 cidades a possuir luz elétrica na Espanha, a outra foi Jerez de La Frontera. Em Haro, existe uma área chamada Herradura, onde você caminha por bares que oferecem vinhos por taça, pinchos e muitas Tapas. O prato principal em relação as Tapas é o Champignon na chapa. Excelente! Existem várias lojas de vinhos, que oferecem verdadeiros tesouros de mais de 50 anos, por até 8 Euros a garrafa. São vinhos muito velhos para Rioja, ou seja, eles precisam ter sido muito bem armazenados durante todos estes anos para poderem estar “vivos” ainda. Não compre um vinho destes achando que terá uma explosão de sabores, longe disso, você está comprando um pedaço de história, que está no fim da vida. No restaurante Terete, provamos um vinho de 1994, 100% Tempranillo e estava Magnífico. Um vinho da casa, conservado nas cavas do restaurante e que caíu muito bem com a ovelha assada, de 21 dias, que não passa por pasto, apenas leite. Levamos ainda um exemplar de 1973 para casa. Nada mal para um vinho de 46 anos. Conversando com o dono, ele faz um tour pela bodega subterrânea, centenária, que faz parte do complexo do restaurante. Se passar por Haro, não pode deixar de visitar este restaurante. Comida excelente, aspargos frescos (se acertar a época) e vinhos que não são vendidos fora do restaurante. Acredite, dificilmente vai provar vinhos com tanta expressão. O Gran reserva da casa, ano 94 custou 30 Euros e o 1973, 50 euros. La Rioja recebeu a primeira designação de origem da Espanha, em 1925. Apenas em 1991, os vinhos receberam a designação D.O.C. A área é divida em 3 regiões, Rioja Alta, Rioja Baja e Rioja Alavesa. Sendo que Rioja Alta é a área mais interessante, principalmente as cidades de Haro e Logroño. É considerada uma das 5 regiões mais importantes do mundo e produz 300 milhões de litros ao ano, sendo 90% tintos. As uvas permitidas para o D.O.C tintos são: Tempranillo, Garnacha, Graciano, Mazuelo, Corinna, Maturana tinta, Maturana e Monastrelli. Sendo a Tempranillo a estrela do espetáculo, se não está sozinha no vinho, provavelmente conta com mais de 80% do blend. Tempranillo equivale a 75% da área plantada de Rioja, casca dura, cor preta e amadurece cedo, por isso é chamada assim. Os brancos estão revolucionando o mercado, principalmente as versões refrescantes de Alvarinho. É importante entender a classificação: Rioja Jovem, muito jovens, geralmente sem madeira ou menos de 12 meses em estágio. Rioja Crianza, 12 meses em madeira, e só pode ir ao mercado após o terceiro ano. Rioja Reserva, 12 meses em madeira, 24 meses em garrafa, comercializado após o quarto ano. Rioja Gran Reserva, 24 meses em madeira, 36 meses em garrafa e que so pode ser comercializado após o sexto ano. Esta classificação deixa os vinhos de Rioja bem marcados pelo carvalho. Os melhores produtores alcançam um equilíbrio entre fruta e madeira, entregando elegância reconhecida mundialmente. Lembrando que o Rioja Classico é um blend contendo mais de 75% de Tempranillo e envelhecido em barricas Americanas. Esta é a forma antiga de vinificação, pois os tops de Rioja, quase que inevitavelmente seguem as técnicas francesas, e consequentemente, envelhecem em barricas francesas novas. Se quiser algo mais aromático, busque os cortes de Tempranillo com Graciano. No meio de tantas vinícolas a escolher, quais a visitar? Bom, passamos a lista que escolhemos, nestes 5 dias por Haro e Logroño. Em Haro, você pode ir visitar as maiores a pé. Escolhemos as principais, que ficam praticamente uma na frente da outra: Muga, La Rioja Alta e Viña Tondonia. Muga foi fantástica, e produz um dos melhores vinhos da região. Entre as experiências oferecidas, está até um passeio de balão. No bar, você pode provar quase toda a gama de vinhos da marca. Os vinhos são clarificados ao estilo francês, sendo usada a clara de ovos frescas no processo de clarificação. (Isso mesmo, ovos! Sorry Veganos) A cada 100 litros de vinho, é preciso de 2 a 3 claras frescas, que batidas e misturadas com um pouco de vinho, são despejadas dentro do barril. A clara “ agarra” as impurezas e clarifica o vinho, que é separado dos sedimentos e movido a outro barril. A fermentação alcoólica é feita ainda em gigantes tonéis de madeira, mantendo a tradição. Na vinícola La Rioja Alta, o tour é excelente para quem esta iniciando no mundo dos vinhos. Ao final do passeio, você pode provar 1 vinho branco e dois tintos de reserva, com uma classe de como encarar uma degustação como profissionais. Na Lopez de Heredia, uma das mais antigas vinícolas de Haro, paramos para provar o vinho mais famoso da casa e bem conceituado na região. Com apenas 1 branco e 3 tintos, possuem o Vinã Tondonia Gran Reserva, como carro chefe. O vinho passa 6 anos em barrica, porém neutras, de até 25 anos de uso, coisa não muito comum em Rioja. Após este processo é clarificado com clara de ovos fresca. O resultado é um vinho único, sem influência de madeira e bem diferente de tudo que você vai encontrar pela Região. É considerado por muitos um dos melhores vinhos de Rioja, por expressar a uva sem influência da barrica. Porém foi longe de ser o nosso preferido, gosto não se discute. A prova sai por €5 euros a taça, na própria vinícola. Falamos da rua que forma a La Herradura, em Haro. Em Logroño, a atração é a Calle del Laurel. Nesta rua, prepare-se para engordar uns 5 kilos em dois dias! Inúmeros vinhos especiais por taça, pequenos e grandes produtores, uma das melhores tapas da Espanha, que incluem batata brava e champignons como pratos locais a serem provados. Vamos aos restaurantes, ou bares, considerados imperdíveis em Logroño. 1 – Pasíon por ti – Provar o TRUFOIE, Parmentier trufado com ovo em lenta cocção, foie fresco e azeite). Foi considerado a melhor tapa no concurso de Tapas de Rioja. Concordamos! A harmonização perfeita é com o Viña Tondonia branco, o único vinho branco produzido pela casa. Fica simplesmente 10 anos envelhecido em Barricas velhas, dando um toque quase que oxidativo ao vinho, podendo ficar outros 10 anos em garrafa. Raridade para um vinho branco. Esta foi disparada, a melhor combinação tapa/vinho de Rioja. No mesmo bar provamos o Pancrudo, de Gomez Cruzado. 100% Granacha, Faz a fermentação Malolática em barris novos de carvalho e em ovos de concreto. Representa muito bem a região. 2 – Jubera – Provar as famosas Batatas Bravas. Prato único do bar e considerada a melhor de Rioja. 3 – o Bar Soriano é famoso por ter os melhores Champignons da Calle Laurel. Porém muitos locais, consideram o bar Angel o melhor. Fomos ao Angel e o sabor dos Champignons com alho são fantásticos! A outra rua, menos turística (um pouco menos) e mais local, se chama Calle de San Juan. Onde os bares a se visitar para degustar um bom vinho são Tastavin e Umm. No Tastavin provamos o Roda I, um dos Ícones de Rioja. Pertinho dali existe um bar chamado Wine Fandango, com um bom menu de vinhos e mensalmente oferecem degustações. Por €30 euros fizemos a de Vermouth harmonizado com tapas. Estes são os principais bares, e os mais famosos, que você deve “Bater o ponto”, provar suas especialidades e ter a oportunidade de tomar vinhos mais especiais. As opções são muitas, a idéia é tomar um vinho e comer uma tapa em cada bar e seguir em frente. Vamos dar uma noção das outras vinícolas que visitamos, entre haro, Laguardia e Logroño, que foram escolhidas a dedo! Como toda viagem, muita coisa fica para traz, não se pode visitar todas e sempre fica um gostinho de quero mais. Vamos a elas: 1 - Marques de Riscal A visita conta com um vídeo muito explicativo, que só ele já valeria o passeio. Mostra cada processo de produção e como atua a famosa máquina de seleção óptica, que seleciona formato e cor das uvas por computador. As que não estão no padrão, são expulsas da mesa de seleção por um jato de ar comprimido. A empresa possui 5 milhões de garrafas e exportam para 100 países. Você sabe o que é este aparato? Nos deparamos com ele na visita as caves da vinícola. Um abridor de garrafa. Meio medieval, ainda é usado para abrir as garrafas muito antigas, que possuem as rolhas deterioradas pelo tempo e que seriam destruídas por saca rolhas comuns. Este ferro é esquentado, colocado em volta do gargalo da garrafa que com choque térmico, se rompe, sem a necessidade da extração da rolha. O vinho servido na degustação é o Reserva. 2 – Marques de Cárceres Talvez a marca mais popular de Rioja, com vinhos de qualidade muito boa desde os vinhos de entrada. O diferencial de Marques De Cárceres está na degustação. Depois da visita, todos os visitantes são brindados com os 4 melhores vinhos da empresa. Isto é muito difícil de ser oferecido em outras vinícolas! Este tipo de tratamento merece atenção e vale muito a pena a visita. Provamos o branco Antea, com fermentação em barrica, 93% Viura e 7% Malvasia, 3 meses em barrica nova francesa, que agregam tons de doce de banana e toques tostados. Generación MC (leveduras indígenas e maceração carbónica), 100% Tempranillo e Gaudium (95% Tempranillo e 5% Graciano, com vinhas de até 120 anos, 18 a 20 meses barricas francesas novas e 2 anos mínimo em garrafa antes do lançamento), foram os destaques da degustação. 3 – Bodegas Viña Real Com certeza uma das bodegas mais impressionantes em termos arquitetônicos e de como cuidam das uvas após a colheita. Com grande influência de Burgundy, grande capacidade de envelhecimento e destaque para o 100 pontos Robert Parker, para o Viña real Grand Reserva 1959. Todo o processo de transporte das uvas, mosto, suco e vinho, é feito sem bombas, ou seja, por gravidade, com a finalidade de agredir o menos possível o vinho. A vinícola tem forma de barril é foi construída em madeira. Dentre os vários vinhos que provamos, o mais emblemático e popular é o Viña Real Crianza. Conta com 90% Tempranillo, muito bem pontuado ( 92 Penin, 91 Tim Atkin, 90 Parker), uvas da região de Rioja Alavesa, passa por fermentação Malolática em barricas francesas e estagio de 15 meses em barricas Americanas. Provamos também a marca Contino, da mesma empresa, um vinho de parcela, sendo 100% Granacha e a raridade 100% Graciano (Este último muito potente e complexo). 4 – Marques de Murrieta Um dos ícones de Rioja, o castelo foi construído no século 19, por Luciano Murrieta, um dos pioneiros em trazes as técnicas francesas a região de Rioja. A construção é cercada com ais de 300 hectares de vinhedos próprios com Tempranillo, Mazuelo, Garnacha, Graciano e Viura. Note que a uma pequena parcela de Cabernet Sauvignon, uva não autorizada pelo D.O.C. Rioja. Porém, como Murrieta cultivava a uva antes das regras de Denominação de origem serem colocada em prática, eles foram os únicos a serem autorizados a colocar Cabernet Sauvignon em seu blend e ainda terem a D.O.C. Com isso lançaram o vinho Dalmau, que consiste em 75% Tempranillo, 15% Cabernet Sauvignon e 10% Graciano. Um vinho potente e elegante, que mantém muita fruta, mesmo após o seu estágio em barricas francesas. O tour é bem completo, passando pelas vinhas, museu, barricas, sala de fermentação e conta com um ambiente bem agradável e elegante, no estilo dos castelos franceses. O Ícone da casa, Castillo Ygay, ganhou 100 pontos Parker, na colheita 1986. Este vinho de etiquete centenária, ícone dos grandes reservas de Rioja, custa €90 Euros a garrafa na Vinícola, porém no Brasil chega até a R$ 2000 reais, e nos EUA algo como pouco mais de $100 dólares. Fica 36 meses em barricas americanas, sendo uma expressão da verdadeira Rioja. Além deste belo vinho, provamos os tradicionais Reserva e Gran Reserva, muito parecidos, quase o mesmo blend e o que muda mesmo é o tempo em barrica Americana, 18 meses para o Reserva e 29 meses para o Gran reserva. A surpresa mesmo ficou por conta do branco, Capellanía 2014, 100% Viura, passam por um leve contato com as cascas e descansam por 15 meses am barricas francesas novas. Um dos melhores brancos que provamos na região. 5 – Bodegas Faustino Bodega Faustino é um dos Ícones de Rioja, possuem o mesmo winemaker desde 1960 e seus vinhos mantém a mesma qualidade durante os anos. Faustino I Gran reserva é a “cara” da vínicola, é um tinto famoso por harmonizar tanto com carnes como com peixes estilo bacalhau e atum. Passa 26 meses am barricas americanas e Francesas Tivemos a oportunidade de tomar a primeira colheita deste vinho, um 1964. Um pedaço de história que continua vivo, com notas de chocolate ao leite, Nutella e café com leite. Provamos um 2009 também, a colheita mais recente disponível no mercado. Notas de baunilha, cacao e canela, com final ligeiramente doce para um reserva, contemplam este vinho que corresponde a nada menos que 30 garrafas de cada 100 Gran Reserva Rioja vendidos no mundo e que está disponível em mais de 120 países. Esta é com certeza uma bodega para colocar em sua lista, ótimos vinhos, Bodega Histórica e um tour bem agradável.
Como viram, Rioja é uma “orgia” gastronômica, regada a muito vinho. Por isso é considerada um dos melhores destinos do enoturismo mundial. Finalizamos Rioja e seguimos viagem rumo a Bordeaux, fiquem ligados! Salud!
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Andre & Karla
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