Gastronomia típica, produtos coloniais, paisagens, neve e vinhos com indicação geográfica. Não estamos falando da Europa, mas sim, de um paraíso chamado Serra Catarinense. Como diria Chapolin colorado: “ Sigam-me os bons!” Isso mesmo, pode seguir este roteiro que você não vai se arrepender. Em toda viagem sempre existe aquele “amigo” que fala: “ Mas você não foi lá? Não foi em tal vinícola, ou em tal restaurante? Perdeu”… Fique tranquilo, isso não vai lhe acontecer. Vivemos em Florianópolis e foi a primeira vez na serra, isso mesmo, vergonheira… Mas enfim, nos redimimos com louvor. Dia 1 - Saímos de Floripa com o intuito de comer pratos com pinhão, trutas, charque, queijo serrano, pratos com maçã, e claro, muitos vinhos. Tendo isso em mente, nossa primeira parada foi o tradicional restaurante Galpão tropeiro, em Rancho Queimado, a 90km de Florianópolis. Um Patrão de tropa chamado Teófilo Schutz, trazia o gado com sua tropa de Lages até o distrito de Rancho Queimado chamado Taquaras. Marcelo Schutz, neto de Teófilo, resgatou as memórias de família em um restaurante com fogo de chão e panelas de ferro que serve um buffet típico da região. Nos hospedamos em uma região chamada Invernadinha, (aí vai de você buscar no Airbnb ou booking o que está disponível na data de sua viagem, qual seu budget e suas expectativas de hospedagem) antes de começar a subida para a serra, pois descobrimos que ali, existe um lugarzinho chamado Cantina Alto da Invernadinha, que oferece uma degustação de queijos e vinhos locais. Dia 2 - No dia seguinte fomos em direção a Bom retiro, para o famoso almoço harmonizado da vinícola Thera. Porém, sugerimos que você faça uma parada no “Quintal di Catarina”, ao lado da “Venda do amigo”, onde você encontrará diversos produtos coloniais, como doce de leite de ovelha, trutas defumadas, queijo serrano, salame, torresmo e ótimos pães caseiros. Vale muito a parada, principalmente se você optar por ficar em algum Airbnb sem restaurante por perto. E logo a frente temos a casa do mel, onde você pode encontrar o famoso mel de Bragatinga, feito pela abelha através da secreção da Cochonilha, insetos sugadores de seiva que infectam a arvore Bracatinga. As abelhas usam sua secreção para fazerem o mel de Melato, que possue propriedades medicinais, mais escuro e não cristaliza sendo 90% da produção exportada para a Europa. Ou ainda o mel “Canudo de pito”, planta nativa da região de São Joaquim, é frequente em regiões com altitude de 1000 a 1100 metros, comum no Planalto Catarinense. O mel proveniente das flores de canudo-de-pito já foi eleito o melhor do mundo e pode vir a ser mais um produto catarinense a receber o reconhecimento de indicação geográfica. O mel de canudo-de-pito já foi mundialmente reconhecido quando ganhou o concurso de melhor e mais doce mel do mundo no Congresso Internacional de apicultura em Atenas, na Grécia, em 1979. E chegamos na Thera… Vale a pena? Muito! Foram 5 atos, duas entradas, dois pratos principais e uma sobremesa, tudo harmonizado com o sommelier e o chef vindo até a mesa, explicando as características de cada prato e a escolha do referido vinho. Nos hospedamos na pousada trinca ferro, que fica bem na saída da vinícola, que por sinal também possui hospedagem. Dia 3 - Depois de um excelente café da manhã na pousada, seguimos viagem para Urubici, onde visitamos o morro do Campestre. Mirante da cidade, Igreja Matriz. Cascata do Avencal. Cascata véu de noiva (bem mais bonita ao vivo do que nas fotos) Mirante de vidro Papuá. MUITO IMPORTANTE, passamos para pegar os tickets no centro da cidade, pois você deve fazer a reserva dos entradas para visitar o morro da Igreja e pedra furada, a partir de dois dias de antecedência, no site www.icmbio.gov.br Nos hospedamos dois dias em Urubici, em uma pousada na montanha, a beira de um vale, chamada Recanto das Araucárias. Foi com certeza uma atração extra que não estava no roteiro de Urubici. Dia 4 - No dia seguinte, já com os tickets em mãos, visitamos o morro da Igreja, que nos brindou com a bela vista da pedra furada. Seguimos até o inicio da Serra do Corvo Branco, onde você pode estacionar, tirar algumas fotos e ver alguns carros patinando. Na descida de regresso, você tem duas opções: Ir até o Cânion Espraiado, que fica a 14km da estrada principal, e visitar o balanço infinito que fica em uma montanha vizinha (optamos por não ir devido aos reviews da condição das estradas, que talvez necessite de 4x4), ou ir até a cachoeira do rio do Bugres. Fomos visitar a cachoeira, que são 20km de estrada de chão, passando por riachos e sem um 4x4. Foi o melhor passeio de Urubici, nada turístico pela dificuldade de acesso, mas valeu MUITO a pena quase perder o para choques do carro. Jantamos no restaurante Montês, onde provamos truta da região com purê de maçã e um excelente bolinho de pinhão. Dia 5 - Após o checkout, fomos direto a vinícola Pericó, a mais tecnológica da região e que produz 120 mil garrafas ano. Eles cultivam apenas as uvas e vinificam os seus vinhos em vinícolas parceiras em São Joaquim. Os vinhos são de extrema qualidade e os donos já estão executando o projeto de construçāo da própria vinícola. Não temos medo de afirmar que a Pericó será uma das maiores vinícolas do Brazil em termos de excelência em seu vinhos, vale a visita! Apesar de serem tecnológicos, usam Llamas do Peru para o controle das “gramineas” indesejáveis. Dica: Provem e levem para casa o Pinot Noir e não deixem de provar a cozinha de pato! Saímos na correria da Pericó, que estava excelente, pois tínhamos hora marcada na famosa Villa Francioni, reconhecida nacional e internacionalmente, pois um belo dia a cantora Madonna tomou um Rosé da marca e falou que gostou… (Como se ela fosse o Robert Parker) a partir deste momento o marketing tomou conta e todos queriam provar o “vinho da Madonna”, que virou 50% da vendas da vinícola. Em resumo? Excelente Rosé, péssima recepção e experiencia muito a desejar! Se quiserem uma dica, comprem o rosé em alguma loja de vinhos e nāo passem nem na frente da vinícola. Atendimento completamente impessoal, com grupos de turismo e guias para todos os lados, salas de vídeo cheias (tivemos que ficar de fora e não vimos o vídeo), entre outras coisas que nem precisamos citar, mas podemos afirmar, não percam seu tempo, a não ser que precise pagar alguma promessa. Logo após esta experiência decepcionante, ai sim… “É oto patamar”, um belo passeio nos vinhedos, atendimento personalizado, e o clássico Sauvignon Blanc da região, jovem ou barricado, nos fizeram entender a fama desta uva na serra em uma experiencia fantástica na vinícola Villagio Bassetti . Nos hospedamos duas noites em São Joaquim, em um apartamento no centro da cidade (Airbnb), e jantamos no restaurante Pequeno Bosque, considerado pelos locais o melhor da cidade. Uma parada obrigatória é a Sanjo, onde você compra suco de maçã, cidra, e claro, vinhos. O atendimento da loja é fantástico e explicam os detalhes de cada produto, uma verdadeira aula sobre maçãs. Dia 6- Em mais um belo dia de sol, fomos até a vinícola Leoni Di Venezia. Histórias, vinhos laranja e castas italianas que se adaptaram muito bem ao terroir (fatores climáticos e geográficos do territorio, somados as características culturais dos povoadores) da dominante Sauvignon Blanc. A dica fica por conta do vinho Pien di Sassi (tradução: Cheio de pedras). A história conta que o vinho é homenagem a um dos fundadores da vinícola, o avô do proprietário, que um dia comentou: “ Como você vai plantar uvas neste local cheio de pedras.” No produto final temos a uva Montepulciano, com sua estrutura e potência, que estagiou por 8 meses em carvalho em harmonia com a Sangiovese, uva elegante que da nome aos famosos vinhos italianos, Chianti e Brunello de Montalcino. Você não pode nem pensar em perder o almoço harmonizado na vinícola Monte Agudo. Ele é muito famoso e querido no mundo dos vinhos, pois do meio dia as 14:30 você tem vinhos ilimitados, isso mesmo! Ai meus amigos, pode passar a régua e ir para o hotel… Dia 7 - Com uns 5 quilos a mais, seguimos para Bom jardim da Serra, cidade logo antes da Serra do Rio do rastro. (Aqui você precisa tomar uma decisão na sua viagem, se segue para Lages e Campo belo do Sul, para visitar a Abreu Garcia ou se segue por aqui). E uma dica importante… se a ressaca permitir, você pode reservar alguns tours de 4x4 para ir ao Cânion do Funil, e Cânion das laranjeiras. Preferimos ficar na cabana, desfrutar da vista, tomar outro vinho e almoçar em uma das churrascarias que ficam na estrada geral, a mais famosa é a churrascaria Cascata. Dia 8 - Mirante da Serra do rio do rastro! IMPORTANTE! A serra fica aberta apenas na madrugada de Segunda a Sexta-feira, por isso optamos por desce-la no Sábado, que fica livre o dia todo. A descida da Serra, foi a “cereja do bolo”, pois passamos por Urussanga e o vale das uvas Goethe! Nossa primeira parada foi tirar umas fotos de drone na Vinícola Caruso Mac Donald (Ao lado da Igreja Matriz), que foi a primeira a ser inaugurada na região, em 1913, fundada pelo jornalista Giuseppe Caruso Mac Donald, responsável pela introdução da uva Goethe na região. Em 1930, o vinho premiado nacionalmente, era servido em eventos diplomáticos do governo Getulio Vargas no Palácio do Catete. Acontece que a exploração do carvão no século XX pagava mais e a falta de mão de obra quase extinguiu a produção das uvas, que ressurgiram “das cinzas” com o IP (indicação de procedência) para uva Goethe. Em seguida visitamos a vinícola Casa Del Nonno, onde tivemos o prazer de fazer uma degustação com o dono, Renato Mariot e ter uma verdadeira aula de história na primeira vinícola do mundo a produzir um espumante de uvas Goethe. * Dica: Não comece a tomar a fantástica Grappa, que a Casa del Nono fabrica, com o seu Renato, caso contrário vai ser difícil você achar o hotel. A Goethe é uma uva aromática, típica, rara e única. Gera um vinho branco, somente produzido em larga, escala nessa região de Santa Catarina. A Goethe é um cruzamento das uvas europeias Moscato de Alexandria, Moscato de Hamburgo e Schiava Grossa com uvas americanas (Isabel), sendo 87% uvas europeias e 13% uvas americanas. Foi o resultado desesperado de buscar uma uva resistente a Phylloxera, que criou esta videira forte e vigorosa que escapa de uma serie de agrotóxicos comuns na viticultura. Nossa hospedagem em Urussanga foi na aconchegante pousada Vigna Mazon, vinícola familiar e histórica de Urussanga, comandada por mulheres! A vinícola foi fundada em 1970, sendo a primeira em SC a produzir uvas e vinhos de viníferas como a Merlot e Cabernet Sauvignon, vindas do Chile e da França. Também foram pioneiros em oferecer o enoturismo no estado. Hoje são especialistas nas uvas Goethe e um dos responsáveis em mostrar ao País a qualidade dos vinhos de Urussanga. Tivemos uma degustação harmonizada logo na chegada, muito bem apresentada pela Luiza, sommelier formada pela ABS e filha da dona da pousada, a Patricia, que nos atendeu com muita simpatia. Luiza fez uma visita pela propriedade, vinhedos e nos brindou com uma degustação de 5 rótulos dos vinhos e espumantes da Mazon, harmonizados com alimentos típicos do vale das uvas Goethe. Uma das experiências que a vinícola apresenta é a degustação de garrafas da adega familiar (sob reserva), com exemplares de mais de 30 anos de guarda, onde você participa desde a abertura da garrafa até a degustação em diferentes momentos do dia, podendo acompanhar a evolução “na taça” deste pedaço de história. Imagine escolher uma garrafa nesta adega e passar o dia apreciando história. A Vinícola Mason também é muito conhecida pelo seu receptivo de eventos, para aniversários e casamentos.
Note que existem outras vinícolas pelo caminho, mas infelizmente você precisa selecionar algumas e ouras injustamente podem ficar fora do roteiro, como foi o exemplo da Villagio Conti, que não fomos por falta de tempo. Concluímos nossa visita orgulhosos de Santa Catarina, com sua beleza, receptividade e produtos que se já não conseguiram indicação de origem, estão no processo, como o Mel de Bracatinga, a banana de Corupá (a mais doce do País), a maça Fuji, o queijo Serrano, uva Goethe, erva mate, e agora, os vinhos de altitude que abrangem 29 municípios, correspondendo a 20% do território Catarinense. Trata-se de mais uma indicação geográfica concedida pelo INPi à região de SC. A primeira foi justamente para vinhos da uva híbrida Goethe. Salud e viva Santa Catarina
2 Comments
Daniele
5/18/2023 04:05:34 pm
Olá. Vcs foram em qual mês?
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8/8/2023 07:39:35 am
Estamos começando a planejar nossa ida à Serra Catarinense e já peguei MUIIITAS dicas aqui! Valeu demais! Parabéns pelo post
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Andre & Karla
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