Você já ouviu falar sobre os vinhos brasileiros de inverno?

Queijos, café, biscoitos e os famosos “vinhos de inverno”, em uma trip de SP a MG

Que tal um final de semana perfeito, o famoso “weekend getaway” para quem mora em São Paulo, ou até mesmo para nós que somos de Florianópolis?

A pedida é conhecer Andrada, ao Sul de Minas Gerais, localizada aos pés da Serra da Mantiqueira. A cidade que encanta com o ecoturismo e é conhecida como “a terra dos vinhos”, oferece também passeios em fazendas produtoras de azeite de oliva, queijarias, fábricas de biscoitos, café e claro, vinícolas!

Vamos contar passo a passo nossa trip que pode ser um guia perfeito para seu próximo passeio. Boa viagem…

Na quinta-feira, após nossa chegada, fomos bater o ponto e almoçamos no mercadão, regado a Brahma black, sanduíche de mortadela e pastel de bacalhau, é claro… O jantar também foi especial, no restaurante número 1 do Brasil e número 17 do mundo, chamado “A casa do porco bar”.

Único restaurante brasileiro a figurar na lista dos 50 melhores do mundo, a casa do porco é um lugar possível de se visitar e muito mais barato que o DOM, do chef Alex Atala, por exemplo.

O menu degustação, com 8 etapas e 21 bocados, sai por 185 reais por pessoa e o Porco Sanzé, o carro chefe da casa, sai por 79 reais.

Na sexta feira, pé na estrada em direção a Andradas. No caminho passamos por Espírito Santo do Pinhal, ainda em SP,  região também famosa por seus vinhos, mas nosso destino foi o tour “Do genoma a xícara”.

A cidade possui muita história e é conhecida por ter o café com indicação de procedência “região do Pinhal”.
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O roteiro turístico, histórico e cultural do café começa em frente do Palácio do café, segue para a lavoura, onde vemos como produzir cafés especiais, passando pelo manejo do terreiro, conhecendo patrimônios históricos e terminamos tomando um cafezinho no bule, coado no coador de pano, da forma que é feito na roça. O passeio dura em torno de 2 horas e meia.

O passeio pode ser marcado pelo WhatsApp 19999211272
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Com a cafeína aquecendo até a alma, seguimos para Andradas, onde passamos na loja da vaquinha, para uma degustação de produtos locais, incluindo o famoso azeite Boriello.
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Com acidez em 0.2%, os azeites extravirgens produzidos no Sul de Minas têm conquistado consumidores e chefs de todo o Brasil.

E foi em Andradas que Carla Retuci e o Marido Mario Borrielo, conquistaram o status de um dos melhores azeites do mundo em um concurso feito na Itália, o Flos Olei internacional Competition.

E vamos aos vinhos…

No dia seguinte, sábado, saímos direto para o disputado “passeio do enólogo” da vínicola Casa Geraldo.

O passeio do enólogo acontece todos os sábados com agendamento previamente marcado. 

As 9:30 você é recebido com uma taça de vinho personalizada. Em torno de 10:15 é passado um vídeo e logo embarcamos para um passeio pelos vinhedos, onde em cada parada se degusta o vinho proveniente daquele vinhedo. Na vinícola, são degustados vinhos nos 3 estágios, tanques de inox, barrica e garrafa. O passeio tem duração de 3 horas e meia, regado a muitos vinhos, queijos e frutas.

A uva Syrah se adaptou muito bem aos vinhos de inverno, e a Casa Geraldo possui belos exemplares como o Jatobá, que leva este nome pois os vinhedos são separados por este pé de jatobá:

Vinho fácil de beber, sem passar por barrica, podemos dizer que é um tinto de verão.

Já o premiado “gato” passa por 4 meses em barrica, o paladar é encorpado, redondo, cheio de fruta e taninos bem integrados.

O passeio da Casa Geraldo está entre os melhores que já fizemos.

Os vinhos nos surpreenderam, excelentes exemplares de Sauvignon Blanc, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, colheita tardia, cortes estilo Bordeaux, Moscatel, vinhos para todos os gostos!

A Casa Geraldo nasceu em Andradas, há mais de 40 anos. A família descende de imigrantes italianos e tem o vinho no seu DNA. Hoje, os números surpreendem, são mais de 2,5 milhões de litros de vinhos tintos, brancos, rosés, e espumantes distribuídos no país.

A grandiosidade da vinícola fez nossos amigos de SP falarem “Fomos até o Sul e não sabíamos que tínhamos esta maravilha aqui ao lado”

Após um belo almoço harmonizado na Casa Geraldo, nossa intenção seria visitar a Stella Valentino, porém um dos donos da vinícola, o Carlinhos, conseguiu nos segurar até a meia noite em um churrasco, em um dos decks que podem ser alugados pelos visitantes, regado a muito espumante com seus familiares. A receptividade e simplicidade dos donos foi a cereja do bolo deste passeio.

Este e outros passeios mais simples podem ser marcados pelo WhatsApp da Casa Geraldo: 3599527967

Mas se tiver tempo e não ficar amigo do Carlinhos, deve conhecer a história da vinícola de um senhor que em 188 imigrou de Vêneto, na Itália, para o Brasil. Onde iniciou a plantação de uvas, até que em 2002 sua família começou a produção de vinhos finos, mantendo uma herança de 5 gerações e contribuindo em muito nos tão comentados vinhos de inverno, Estamos falando da vinícola Stella Valentino.

O alto padrão dos vinhos, provenientes de uvas 100% plantadas em Andradas, que pode ser conferido em degustações e passeios guiados, se deve muito a Epamig (Empresa de pesquisa agropecuária de Minas Gerais), que por mais de 20 anos estuda a colheita de inverno.

Tanto no Hemisfério Sul quanto no Hemisfério Norte, a uva é colhida no verão. No entanto, já faz alguns anos que o Brasil aprimorou uma técnica que ajudou a modificar o ciclo da videira, permitindo que, em vez de no verão, ela seja colhida no inverno.

A mudança do período de colheita do verão chuvoso para o inverno seco, por meio do manejo da dupla poda, técnica validada pela Epamig, possibilitou a obtenção de uvas com melhores índices de maturação e sanidade, incrementando a qualidade dos vinhos finos de colheita de inverno na Região Sudeste do Brasil.

Dupla poda: modifica o ciclo natural da planta, fazendo-a maturar e ser colhida no inverno. Consiste em duas podas, pois a primeira, de formação de ramos, ocorre normalmente em setembro. A segunda, de produção, ocorre em janeiro ou fevereiro. Na colheita tradicional é feita uma poda só, de produção, em agosto ou setembro, para colheita no verão (janeiro ou fevereiro).

A colheita de inverno tem contribuído para mudar o cenário nacional de produção de vinhos finos, inserindo as regiões Sudeste e Centro-Oeste em uma nova fronteira vitícola.

Depois de tanto vinho que tal uma sobremesa? Andradas é famosa por um outro produto, que pode ser encontrado em fábricas a cada esquina, biscoitos! Sim, biscoitos de todos os tipos, caseiros, recheados, com chocolate, amendoim, café…

Sendo assim, visitamos a fábrica dos biscoitos DirVan, fundada em 2003 pelo casal Andrades Vitório Simionato e Dirce Maria Secco.

Dirce produzia os famosos biscoitos para sua família, logo assumiu toda a produção da fábrica e Vitório os vendia. A tradição familiar segue até hoje com ajuda de suas filhas Alessandra e Fernanda.

A cidade de Andradas, conhecida como a terra do vinho, se tornou polo de produção de biscoitos, com 70 fábricas e mais de 150 toneladas anuais.

Então depois de um almoço harmonizado com belos vinhos já sabe o que vem depois certo? Cafezinho com biscoitos.

No dia seguinte, domingo, arrumar as malas e voltar para SP, mas não sem antes visitar a fazenda Atalaia, que está no caminho e é imperdível.

A fazenda Atalaia é hoje uma fábrica de queijos e outros produtos artesanais da fazenda como o doce de leite de cabra.

Dentre os queijos temos o primeiro queijo artesanal brasileiro a ser premiado com uma medalha no World Cheese Awards. Estamos falando do queijo Tulha, maturado por 12 meses, de massa quebradiça, com cristais e notas frutadas.
O tulha é fabricado a partir de uma massa cozida com leite de vaca tipo A, com baixo teor de gordura. Sua maturação é feita na antiga tulha de café, e graças a fungos, bactérias e leveduras típicas do ambiente natural da tulha, o queijo tem uma casca dura e avermelhada.

Dentre os prêmios estão a medalha de ouro em San Sebastian, na Espanha e medalha de ouro por dois anos consecutivos no prêmio queijos Brasil.

Fizemos a visita histórica guiada, que é uma caminhada de aproximadamente 50 minutos pela fazenda. O passeio contextualiza a fazenda Atalaia dentro do eixo da cultura do café após 1850 e mostra as mudanças econômicas e culturais que guiaram o rumo da fazenda para o que é hoje.

E que tal provar outras delícias como o queijo Mogiana, outro best-seller de sabor suave que é apresentado em duas versões: Com casca maturada com alecrim ou lavada na cerveja Stout.

Você pode saber mais sobre os produtos da fazenda Atalaia pelo site www.fazendaatalaiaamparo.com.br

• Se você tiver tempo e espaço no estômago, a dica fica em visitar o restaurante Aldeia Velha, em Andrada, com comidas típicas mineiras, assim como as “delicias da Kaka”, loja de biscoitos finos que conta até com casadinho com recheio de vinho.

Quer mais dicas? Pico do gavião para o por do sol e uma passada na loja de azeites Terras Altas que fica no caminho; Cervejaria General Beer; Provar o famoso prato “virado de frango”, um prato típico do município, que de tão reproduzido e tradicional ganhou status de bem material em 2019. O virado de frango é um prato cuja sua base é feita de frango, farinha de milho, alho, cebola, cheiro verde e sal a gosto. Comemos um preparado por encomenda com a chef Abgail, do restaurante Taverna e foi o prato que nos marcou na viagem.

O Brasil possui ótimos circuitos enogastronomicos de Norte a Sul, com culturas e sabores completamente diferentes dentro de um mesmo País, sendo Andradas um daqueles imperdíveis que vai deixar você com gostinho de “quero mais”.

* Agradecimento especial para Alberto Risso, que nos ajudou muito nos horários dos tours, roteiros e foi quem nos indicou e reservou nosso jantar no restaurante Taverna. Alberto possui uma agencia de turismo, que pode deixar seu passeio muito mais tranquilo, seu telefone é 11 982264667

Saúde!